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Esta Caixa Temática do Sufismo é formada pelas obras:
– As Cem Estações da Alma – de Abdullah Ansari de Herat;
– As Ordens Sufis no Islã – de Mateus Soares de Azevedo;
Nos últimos anos é possível ver um movimento intenso de interesse pelo Sufismo juntamente com sua doutrina, seu método, suas práticas e disciplinas místicas com vistas à realização espiritual. Isso pode ser resultado de uma disposição natural do ser humano para a espiritualidade, na tentativa de buscar um maior aprofundamento da experiência interior transcendente e consequentemente viver com toda sinceridade as verdades inerentes a cada tradição espiritual milenar ainda acessíveis no Século XXI.
Sendo o sufismo a quintessência da espiritualidade no Islã, a dimensão mística e iniciática da tradição muçulmana oriunda diretamente do Profeta Maomé (Mohamed) e que abrange tanto correntes devocionais quanto esotéricas e sapienciais, e que se diferencia de outras linhas e ordens religiosas pois não exige “uma retirada” do mundo, entendendo que é possível viver o isolamento contemplativo e numa vida interior em meio as atividades do mundo, conciliando a via espiritual em meio aos desafios da vida profissional e familiar.
Este livro visa introduzir os leitores de uma maneira leve e profunda nesta cultura milenar, disponível para homens e mulheres ainda hoje por meio das Ordens e Confrarias Sufis. Neste sentido, o autor brasileiro Mateus Soares de Azevedo inicia a sua obra com as seguintes perguntas:
O que realmente é o Sufismo? Em que ele acredita? Quais são suas práticas quotidianas? É uma vertente mística do Islã para alguns poucos, ou uma via aberta a muitos? E o que são as Ordens Sufis? Qual a sua natureza e sua razão de ser? Qual a sua origem e sua trajetória histórica? São elas “iniciáticas” e destinadas a uma elite, ou são “populares” e acessíveis em princípio a todos?
Extrapolando as disciplinas e práticas interiores e agindo também efetivamente na vida cotidiana o autor nos mostra que as Ordens e Confrarias Sufis também estão no cerne do que há de mais sublime no mundo islâmico, seja no pensamento ou nas artes, na arquitetura e na mística, nos costumes, no vestuário e até mesmo na política, além de nos mostrar historicamente como está influencia tem impactado a cultura ocidental.
Sendo o autor não somente um islamólogo e esoterismólogo em um sentido somente restrito a academia, mas também um grande especialista nos estudos de Religiões Comparadas e da Filosofia Perene, além de suas experiências empíricas nas práticas e cerimonias sufis, tanto no Brasil, como em países mulçumanos, o autor consegue “traduzir” com maestria toda a complexidade e multidimensionalidade da cultura islâmica para o público brasileiro, nativamente e historicamente oriundo da Tradição Judaico-cristã.
Texto: Kleiton Fontes – Revisão: Américo Sommerman
Dentre os maiores desafios dos buscadores que adentram um Caminho Espiritual encontra-se a falta de referência relacionada ao estágio em que o aprendiz se encontra e para onde está avançando. Sendo um processo interior novo e com muitos obstáculos, ora se tem a percepção de já ter percorrido uma boa parte do caminho, ora tem-se a impressão de estagnar, ou patinar, sem sair do “lugar”, e quando não, surge a sensação de nem ter saído da estaca zero.
Para descrever a complexidade de uma jornada iniciática muitas são as metáforas utilizadas pelos Sábios na tentativa de ilustrar os estágios que compreendem todo esse longo Caminho. Alguns deram o nome de Câmaras, outros chamaram de Moradas, e outros utilizaram os Degraus. Independentemente dos símbolos utilizados em seus respectivos contextos históricos e culturais, todos possuíam o mesmo propósito, servir de orientação, como um “mapa geográfico”, a fim de indicar pontos de referência e estágios de todo o Caminho que compreende a Via completa da Realização Espiritual.
As Cem Estações da Alma é um tratado clássico do sufismo: a via mística, a tradição iniciática (espiritual e esotérica) presente no interior da religião muçulmana desde a sua fundação pelo profeta Maomé (Mohamed), transmitida desde então de geração a geração e que chegou até os dias de hoje por meio da literatura e, especialmente, por meio das várias confrarias sufis espalhadas especialmente nos países muçulmanos, mas também em muitos países do mundo todo.
Nesta obra clássica, inédita na língua portuguesa, o grande mestre sufi Abdullah Ansari de Herat (1006-1089), conhecido pelo talento de conciliar o raciocínio lógico e analítico com seu estilo poético e literário, utiliza pela primeira vez em língua persa o termo “Estações” para descrever de forma detalhada cada “campo”, cada “estágio” que compreende a estrada, a via que leva o buscador de Deus a realização de sua Meta.
Como um processo sequencial e gradativo, cada Estação surge da Estação anterior, e ao dominar a Estação na qual se está, a pessoa avança para a próxima, sendo uma Estação por vez até chegar à Estação final. Nas palavras dele: “As Estações da Alma são pontos de parada que são visitados por aqueles que estão na jornada em direção a Deus, até que o servo, tendo passado (e ele será ajudado a passar) por esses degraus ascendentes, estação por estação, tem a honra de ser recebido na proximidade de Deus. Ora, o servo passa de um ponto de parada a outro até chegar ao ponto de parada final, onde esse ponto de parada final é para ele o campo da proximidade (a Deus). A proximidade que ele deixa para trás é apenas um “estágio de passagem”, enquanto essa (proximidade) onde ele se encontra é a “estação” (espiritual permanente) – como as estações dos anjos nos céus…” – Abdullah Ansari de Herat
Ansari alcançou tamanha inspiração e profundidade espiritual que suas obras se tornaram referência para todas as gerações de sufis posteriores, sendo juntamente com as obras de Jilani, Al-Ghazali e Ibn Arabi, alguns dos muitos pilares desta Grande Tradição Espiritual.
Texto: Kleiton Fontes – Revisão: Américo Sommerman
| Peso | 0,630 kg |
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